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segunda-feira, 17 de março de 2014

Lesões mais comuns na natação

Infelizmente sim, é possível haver lesões nadando. 

Veja abaixo as mais comuns
Síndrome do Impacto: 

esta envolve o tendão do músculo supra-espinal, neste caso ele não estabilizará a cabeça do úmero dentro da glenóide fazendo com que o tubérculo maior do úmero choque com o arco coracoacromial. 
Principal sintoma: Dor após 90 graus de abdução do ombro.

Tendinite da cabeça longa do Bíceps:

 é a inflamação do tendão da cabeça longa do bíceps na sua extremidade superior, causada principalmente pelo desequilíbrio muscular entre os músculos rotadores internos e externos.
  
Principal sintoma: Dor na região ântero-superior do ombro.

Instabilidade multidirecional:

 é causado pela frouxidão ligamentar e capsular generalizada.
 Principal sintoma: Dor em todo o complexo articular do ombro.


Tratamento: 
O tratamento para estas três lesões descritas acima consiste inicialmente de analgesia. 
Passado o período de dor e inflamação, deverá ser feito alongamento e fortalecimento para todos os músculos estabilizadores do ombro, juntamente com exercícios para manutenção da amplitude de movimento e preservar a  articulação.

Prevenção 
A prevenção é feita através de alongamento e principalmente fortalecimento de toda musculatura estabilizadora do ombro. 

Lembrando que os alongamentos devem ser feitos sempre antes dos exercícios de fortalecimento e também da prática de natação.



PREVENÇÃO DE LESÕES EM NATAÇÃO


A julgar pelas estatísticas oficiais, a natação é, neste momento, a segunda modalidade desportiva mais praticada no nosso país. 

Esta situação pode ser relacionada com aspectos culturais, fundamentalmente ao nível dos países desenvolvidos, onde o saber nadar é o corolário lógico de uma política desportiva.
Para tal muito tem contribuído a construção de novas piscinas e a incentivação da prática da modalidade, extensível a todas as faixas etárias da população.
Na realidade, trata-se de uma modalidade desportiva não traumática e, quando convenientemente orientada, de grande valor profiláctico e terapêutico. 

No entanto, apesar dos evidentes e inquestionáveis benefícios inerentes à natação de lazer e terapêutica, a prática competitiva, particularmente nas faixas etárias mais baixas, pode repercutir-se negativamente na integridade física do indivíduo, situação minimizada através de uma metodologia de intervenção que inclua o fator prevenção. 

A prática da natação de competição inicia-se precocemente. 
É comum encontrarmos nadadores de grupos de idade, entre os 10 e 12 anos, sujeitos a elevados volumes de treino. 
A Medicina Desportiva deverá abranger as diferentes faixas etárias, não deixando de execer a sua ação preventiva nos nadadores mais jovens, pois que é no treino de base que se criam as condições de instalação das disfunções específicas resultantes da prática de natação de competição. 
Reforçamos a ideia de atuação no treino, pois que é no treino que se encontra a origem da quase totalidade dos casos clínicos, ao contrário de outras modalidades onde a prevalência de lesões se relaciona com a competição.


A natação
é considerada uma modalidade de "resistência".
 Para o desenvolvimento das suas modalidades ( fundo e velocidade)
, solicita-se ao praticante a realização de tarefas que acarretam considerável volume de treino. Numa fase de treino de base, o jovem pode ser levado a nadar 5000 metros/dia, volume este que chega a atingir, em alguns casos, 15000 metros numa fase de nadador adulto. 
Tomando como exemplo a vida média de um comum nadador de competição, podemos afirmar que, em termos aproximados e sem corrermos o risco de exageros, permanece 4000 horas na água e percorre uma distância vizinha de 8000 quilómetros. 
Nosso corpo a apesar de ser muito bem projetado, dificilmente suporta tanta atividade.
 Se é certo que o organismo possui espantosas capacidades adaptativas, sendo a otimização e potenciação destas capacidades a principal função do treino, não é menos certo que para esse  objetivo  concorre a qualidade da orientação técnica, onde a prevenção dos desvios à normalidade deverá ocupar papel fundamental.

Dividida em dois níveis: 

  • a sobrecarga morfo-funcional provocada pelo treino e competições 
  • e as resultantes do meio em que se realiza a prática desportiva, neste caso o meio aquático.


Caracteristicas  de diferentes técnicas de nado
Embora de forma muito breve, passaremos a referi-las por nos permitirem estabelecer algumas relações causa/efeito entre determinados tipos de lesão e a especialidade técnica do nadador.


Generalidades

Os movimentos são cíclicos, bilaterais, alternados ou simultâneos. 

Os fatores que contribuem para que o gesto  desportivo se realize de forma eficaz são: a respiração, o equilíbrio, a propulsão e a resistência ao deslocamento. 
Na respiração interessa considerar a fase ventilatória, onde o ritmo é imposto pelas características da técnica, fundamentalmente pela ação dos membros superiores.
 Modificam-se os mecanismos inatos, observados no meio aéreo, pelo que a fase expiratória passa a ser activa e prolongada. Deste modo os ciclos ventilatórios são constituídos por uma fase inspiratória breve e uma fase expiratória mais prolongada e realizada contra a resistência da água.
O equilíbrio é proximo do horizontal, sendo assegurado essencialmente pelos membros inferiores. 
As informações plantares são suprimidas, sendo a força da gravidade quase anulada pela força de impulsão.
 A propulsão é assegurada pela ação conjunta dos diferentes segmentos corporais, onde a ação dos membros superiores e inferiores assumem papel de destaque.
 A importância de cada um destes segmentos corporais depende das características da técnica e do estilo.


No âmbito da resistência ao deslocamento, distinguem-se três tipos: 

  • a resistência de fricção ou de contato,
  •  a resistência de forma ou de pressão
  •  e a resistência de onda. 

Vamos nos ater apenas que a resistência de contato que aumenta linearmente com a velocidade, a de forma ou de pressão aumenta com o quadrado da velocidade e a de onda com o cubo da velocidade.
 Deste modo, velocidades mais elevadas, implicam maiores aplicações de força e, consequentemente, maior sobrecarga musculo-esquelética.

Tipos de lesões
 Não referiremos outras disfunções resultantes da sobrecarga de treino e que se prendem com alterações metabólicas, endócrinas e imunológicas.
 Patologias mais frequentes
ArticularesCutâneasNariz e BocaOculares
OmbrodermitesOtites externas e médiasOlhoVermelho(conjuntivite)
Joelhomicosessinusopatias
Coluna vertebral

Ombro
O complexo articular do ombro une o membro superior ao torax e é constituído por três articulações: 


  • a escapulo ou gleno-umeral, 
  • a acromio-clavicular 
  • e a esterno-clavicular.

 Possui ainda um plano de deslizamento escapulo-torácico que, do ponto de vista funcional, se comporta como uma verdadeira articulação. 
Trata-se de uma unidade anatómica funcional complexa que alia a necessidade de uma grande mobilidade a uma escassa estabilidade. 
De fato, o suporte ósseo é reduzido, sendo a relação úmero/escapular mantida fundamentalmente por tecidos moles, o que explica a prevalência de lesões a este nível. 
A patologia do ombro, constitui o problema traumatológico mais frequente e incapacitante em natação de competição.
 Alguns estudos apontam que mais de 50% dos nadadores, apresentaram ou apresentam queixas dolorosas da cintura escapular. 
Destes, 10% faltaram a treinos e/ou competições.
 O conceito de "ombro de nadador" (swimming shoulder) define um tipo específico de patologia dolorosa, prevalente em nadadores de competição.
 Este termo engloba lesões articulares e peri-articulares.


Fatores etiológicos
O conjunto de sinais e sintomas que caracterizam o designado "sindrome do ombro doloroso do nadador" relacionam-se, como já foi referido, com as caracteristicas anatomo-funcionais deste complexo articular e com o tipo de solicitação que lhe é imposto nas diferentes técnicas de nado. 

Trata-se de uma entidade clínica incluída no âmbito dos "cumulative trauma disorders (CTD)" ou "overuse syndrome". 
Esta terminologia anglo-saxónica, comumente aceito no meio médico, caracteriza as disfunções resultantes da ação microtraumática repetida.

Fatores que contribuem para a instalação do CTD

FORÇA + REPETIÇÃO + POSTURA + AUSÊNCIA DE REPOUSO

No treino em natação todos estes "ingredientes" estão presentes :

  1. Um nadador que percorra 5000 metros/dia, realizará cerca de 2000 ciclos de braços por sessão de treino.
  2.  Esta solicitação diária média corresponde a 12.000 ciclos/semana. 
  3. A hiper solicitação desta forma imposta, é realizada em sobrecarga (força), de forma cíclica por imperativos da técnica de nado(repetição), em rotação interna (postura) e não raras vezes desrespeitando os intervalos otimos de recuperação (ausência de repouso)

 " Sindrome do ombro doloroso do nadador "

  1. Erros repetidos da técnica de braçada que, ao favorecem uma exagerada rotação interna do ombro no início da fase propulsiva e inclusivamente durante a recuperação, criam condições favoráveis à ação micro-traumática.
  2. Programa inadequados de exercícios de força e reforço muscular, acarretando desequilíbrios entre os vários grupos musculares.
  3. Hipersolicitação das estruturas anatómicas, resultante de cargas de treino elevadas e deficiências de ordem técnica.

Utilização indiscriminada de material acessório de apoio ao treino destinado a aumentar a superfície propulsiva da mão ("swimming paddles")

O termo tendinite é aplicado indiscriminadamente a uma multiplicidade de problemas que afectam a cintura escapular dos nadadores. 

Objetivando uma melhor caracterização deste conceito, referiremos que se trata de um processo resultante de uma irritação repetida das estruturas tendinosas, provocada pelo ato de nadar. 
As estruturas tendinosas mais vulgarmente afetadas são os tendões dos músculos supra-espinhoso, infra-espinhoso, longa porção do bicípete e infra-escapular. 
Os sindromes de"impingement" associam-se frequentemente à tendinite, principalmente à do supra-espinhoso e longa porção do bicíps, sendo muitas vezes consideradas como uma mesma lesao.
 Neste caso assume particular importância a estrutura osteo-ligamentar formada pelas duas proeminências ósseas da omoplata, acromio e apófice coracóideia, reunidas formada pelas duas proeminências ósseas da omoplata, acromio e apófice coracóideia, reunidas pelo ligamento coraco-acromial.

 A designação "impingement" refere-se a fenómenos de compressão, situação comum em determinadas fases do ciclo de braços durante o nado.
 A patologia do espaço sub-acromial é, nesta modalidade desportiva, de grande importância. 
Sob um prisma fisiopatológico podemos referir que o espaço de deslizamento sub-acromial, pela precisão do seu mecanismo de funcionamento, a estrutura mais frágil do complexo articular do ombro.
A cavidade articular dos rotadores e a longa porção do biceps desempenham relevante papel estabilizador.
 O musculo supra-espinhoso tem uma ação chave neste sistema de contensão, evitando, em associação com o musculo deltóide, o deslocamento da cabeça do umero em direção ao acromio. 

Estas caraterísticas anatómicas determinam a hipersolicitação da articulação dos rotadores durante o nado, fornecendo explicações para a frequência e precocidade deste tipo de lesões em nadadores submetidos a sobrecarga funcional,  resultando em ação microtraumática repetida.

Estudos que objetivaram a vascularização da articulação, descreveram a existência de uma "zona crítica", localizada aproximadamente 1 centímetro para dentro da inserção do supra-espinhoso. 
Trata-se de uma zona hipovascular, portanto mais susceptível a fenómenos degenerativos. 
Esta hipovascularização é variável com a posição do braço e é verificável também no tendão da longa porção do biceps no seu percurso sobre a cabeça do umero.

 As zonas avasculares destes dois tendões são particularmente vulneráveis ao "conflito" mecânico, fatores estes que se encontram fortemente correlacionados com a génese da patologia sub-acromial. 
A resposta inicial é do tipo inflamatório, ou seja uma tendinite. 
Este processo pode estender-se à bolsa serosa sub-acromial.
 A manutenção desta situação pode levar a micro-rupturas da articulação dos rotadores e, mais tardiamente, a rupturas completas, situação passível de ocorrer quando não se interrompe a cadeia de fatores pré-disponentes, consubstanciados nos erros da técnica de nado e dos processo de treino implementados.

Abordagem clínica
O principal objetivo da avaliação deste tipo de situações é a sua detecção precoce. 

O exame subjetivo assume particular importancia e permite-nos o acesso à seguinte categorização:
FASE 1: Dor apenas após o treino
FASE 2: Dor durante e após o treino
FASE 3: Dor durante o treino e que afeta a prestação
FASE 4: Dor persistente, que afecta as atividades diárias e que leva à interrupção do treino.

Estas quatro fases correspondem, grosso modo, a estadios evolutivos do processo patológico, para os quais também é usual considerarem-se 4 níveis:

NivelDescrição
1
  • articulação dos rotadores está intacta. 
  • Existe inflamação e edema na zona vulnerável do supra-espinhoso.
  •  A dor não é constante, surge após o treino e autolimita-se ao fim de algumas horas. 
  • A dor é referida na região inferior e lateral do deltóide. 
  • Os testes de flexão para diante, abdução rotação interna contra resistência são positivos
2
  • A situação inflamatória é mais extensa. 
  • Existem alterações isquémicas e dissociação das fibras colagéneas, com rupturas parciais. 
  • A amplitude articular pode estar mantida. 
  • Regra geral, a desempenho em competição não é afetada pela dor. 
  • Esta, é de difícil localização e referida como profunda. 
  • Quando localizada, é sub-deltóideia e de predomínio noturno.
3
  • A mesma situação descrita para o nível 2, com sinais e sintomas de maior gravidade 
  • -dor no decorrer do treino. 
  • -ausência de predomínio noturno
  • -Afeta o desempenho.
4
  • A destruição e degeneração do supra-espinhoso ao nível da articulação dos rotadores é completa. 
  • A dor é constante. 
  • Existe impotência funcional marcante.

Programa de prevenção

  1. Insistir na utilização de uma técnica de nado correta: recuperação alta na fase aérea da braçada em crawl, respiração bilateral, evitar a entrada da mão na água em rotação interna excessiva.
  2. Na técnica do borboleta, um segundo batimento de pernas forte, facilita o início da fase de recuperação do ciclo de braços, projetando os ombros para diante. O fato de deixar "cair" a cabeça, inclusivamente antes da entrada das mãos na água, pode evitar a dor, pois contraria a hiperflexão dos ombros, quando em rotação interna.
  3. Nestas duas técnicas, crawl e borboleta, principais causadoras de patologia do ombro, deverá ser desencorajada a utilização de "paddles"ou palmares.
  4. Dosar o volume de treino de acordo com a idade e o desenvolvimento musculo-esquelético do nadador. Respeitar igualmente os tempos de recuperação.
  5. Realizar preparação física fora de água, onde o reforço muscular é fundamental. Além do desenvolvimento muscular geral deverá ser dada especial importancia ao treino dos rotadores externos, com o objetivo de diminuir o natural desequilíbrio rotadores externos/internos provocado por um treino exclusivamente aquático.
  6. Realização de exercícios de amplitude articular/flexibilidade. Neste caso os métodos passivos e, inclusivamente os dinâmicos simples, apresentam desvantagens relativamente à facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF).
Para treinadores e nadadores, estas questões são de inegável importância.
 É fundamental que tomem consciência de três ordens de factores, cujo conhecimento está na base da prevenção e diagnóstico precoce desta patologia: 

  1. Como prevenir a lesão de sobrecarga; 
  2. como diferenciar a natural mialgia de esforço de um "ombro doloroso";
  3.  qual a atitude a tomar após o aparecimento dos primeiros sintomas.
Quando do aparecimento dos primeiros sintomas :
  1. Reduzir a distância de nado. Se o alívio é imediato (nas primeiras 24- 48 horas), somos levados a admitir a possibilidade de estarmos na presença de uma mialgia de esforço.
  2. Evitar as técnicas de nado que mais exacerbam a dor
  3. Modificar a técnica de nado de modo a manter a eficiência biomecânica do gesto e, simultâneamente, diminuir a ação microtraumática sobre as estruturas lesadas.
  4. Incrementar o "treino de pernas" em detrimento do "treino de braços", nas fases agudas.
  5. Manter a condição física através de outro tipo de atividade que não a natação convencional.
  6. Aplicar gelo após as sessões de treino
  7. Não deixar de consultar o médico
  8. Na fase inicial de instalação da sintomatologia dolorosa, ao gelo e repouso devem associar-se AINE.
Joelho
A natação de competição apresentou uma elevada incidência de lesões em joelhos de nadadores de peito. 

Para a generalidade dos autores consultados, o mecanismo desencadeador relaciona-se com a fase final da "pernada". 

As alterações anatomo-funcionais que caracterizam o "joelho de nadador" têm sido relacionadas com o envolvimento do ligamento lateral interno e articulação femuro-tibial.
 Vários estudos confirmam estes eventos, constituindo hoje uma opinião unânime e irrefutável. Passaremos portanto a descrever as alterações anatomo-funcionais mais relevantes ao nível daquelas estruturas. 
Está provada a existência de uma elevação das forças de tensão no ligamento lateral interno durante a flexão, extensão, rotação tibial e valgismo de "stress".

São situações que se verificam em diferentes fases da pernada de peito.  

  • A mensuração das forças de tensão que envolvem o ligamento lateral interno, subsequentes à rotação externa, valgismo de stress e extensão do joelho, evidencia um aumento dessa força de tensão à medida que o joelho evolui da flexão para a extensão. 
  • O ligamento lateral interno pode ser sub-dividido em duas unidades funcionais com modos de actuação distintos, as fibras da porção anterior e as fibras da porção posterior. 
  • A tensão da porção anterior aumenta durante a flexão, enquanto que este aumento só se verifica, na porção posterior, durante a extensão . 

Logo, a rotação interna e flexão do joelho que ocorrem na fase inicial da "pernada" aumentam significativamente a tensão imposta às fibras da porção anterior do ligamento.
 Deste modo, a fase inicial da pernada do nado peito, ao provocar tensão exagerada das fibras da porção anterior, constitui um importante fator patogénico da instalação da lesão a este nível. 
Inversamente, quando a sintomatologia e o exame do joelho indicam compromissos da porção posterior, deveremos investigar a fase final da "pernada". 
No entanto, esta divisão é importante apenas pelo seu didatismo e para efeitos de correcção técnica. 
Na prática é extremamente difícil diferenciar estas duas situações, até porque não raras vezes apresentam-se associadas. 
Através da realização de exames artroscópicos em nadadores com sintomatologia crónica na transição femuro-tibial, alguns autores diagnosticaram condromalácia e sinovite.
 Os movimentos repetidos de flexão/extensão, em associação com movimentos rotacionais, predispôem à lesão, podendo ser causa de inflamação, capsulite adjacente e sinovite. 

Neste âmbito convém também salientar a ação dos grupos musculares potentes (isquiotibiais e quadricipete crural), pela sua importancia na ação propulsiva da pernada de peito e pelas condições particulares em que operam:
Rotação interna, valgismo de "stress" e flexão que evolui rapidamente para a extensão completa.
Relações anatómicas entre estes músculos e as estruturas capsulo-ligamentares envolvidas.


Para o surgimento da lesão  existe uma correlação direta e significativa entre o agravamento dos sintomas e os seguintes aspectos: 

  • idade, numero de anos de prática, 
  • aumento do volume de treino na técnica de peito, 
  • aquecimento deficiente, 
  • insuficiente treino de flexibilidade 
  •  reforço muscular, principalmente na fase de treino de base.
 Os nadadores que referem, sistemáticamnte, dores ao nível do joelho, apresentam diminuição dos índices de força específica - propulsão à custa dos membros inferiores, situação que pode ser avaliada em testes isotónicos e isocinéticos/biocinéticos.
Estes últimos são mais fiéis e específicos.
Observa-se também diminuição da amplitude articular, mais evidente para a rotação interna.
A partir da década de oitenta assistiu-se a uma diminuição deste tipo de lesões. 
Tal fato pode estar relacionado com modificações operadas ao nível da técnica. 
O peito "natural",. substituiu o peito "formal", alterando significativamente a biomecânica da "pernada", através de um aumento do movimento vertical do corpo, ao qual se associa uma redução da flexão do joelho.
 Estas alterações na técnica de nado, repercutiram-se nos fatores mecânicos associados à lesão e alteraram significativamente a sua epidemiologia,não devendo ser ignoradas pelos médicos que observam nadadores de peito.

Programa de prevenção

O "joelho de nadador" relaciona-se com a técnica de peito. 

Para a prevenção deste caso específico propõe-se:
  1. Diminuir o volume de treino na técnica de peito
  2. Alterações da técnica de "pernada" de forma a diminuir a sobrecarga ligamentar. 
  3. Procurar caracterizar se o nadador com queixas utiliza o nado de peitos formal ou natural.
  4. Realizar exercícios de reforço muscular e flexibilidade
  5. Não ignorar a necessidade de um aquecimento prévio antes de realizar tarefas específicas de peito.
  6. Progredir as cargas de treino de forma adequada, proporcionando uma adaptação progressiva das estruturas musculo-esqueléticas envolvidas.
  7. Respeitar criteriosamente a periodicidade esforço/recuperação, através de uma alternância na solicitação da articulação do joelho. 
  8. As sessões de treino com elevada densidade de estimulação para a técnica de peito deverão ser intercaladas por outras de recuperação.
  9. Às primeiras queixas, aplicar gelo, interromper o treino e consultar o médico.
  10. Na fase inicial de instalação da sintomatologia dolorosa, ao gelo e repouso devem associar-se AINE.
Coluna Vertebral
As queixas mais frequentes são as dolorosas, não raras vezes referidas à região lombar e relacionadas com a técnica de borboleta.

Regra geral são autolimitadas e relacionam-se com as fases de maior intensidade e duração do treino. 
Não obstante, é importante a realização de uma observação cuidadosa de forma a estabelecer um completo diagnóstico diferencial, através do lavantamento das causas possíveis para a sintomatologia dolorosa persistente. 
As mais comuns são as traumáticas, as mecânicas, as relacionadas com o crescimento/desenvolvimento e as alterações musculo-esqueléticas. 

Na avaliação destes nadadores devem ser levados em consideração os seguintes aspectos:
  • História passada ou recente de traumatismos da coluna
  • Relação com a atividade desportiva (características da técnica e do estilo de nado;
  • eventuais relações entre as fases de agudização e o processo de treino)

Características da dor

  1. fatores de agravamento;
  2.  fatores de remissão ou alívio;
  3.  irradiação; etc.

No exame físico devemos incluir:
  1. Observação geral
  2. Biometria, com especial atenção para os diferentes segmentos dos membros inferiores
  3. Amplitude articular, fundamentalmente a flexão e extensão
  4. Caracterização de eventuais deformações: escolioses, cifoses e lordoses.
  5. Exame neurológico

Programa de prevenção
A inclusão deste ponto, no âmbito da prevenção de lesões em natação, pode afigurar-se paradoxal. 

Na realidade, a natação é uma prática despotiva aconselhada para numerosas patologias da coluna. 
No entanto, a natação de competição, particularmente nos jovens, quando não convenientemente orientada, pode constituir uma excepção à regra. 
As razões prendem-se, sobretudo, com incorreções metodológicas do treino, potenciadas pelas diferentes fases de crescimento no jovem.
São alterações que, embora se possam verificar no nadador adulto, encontram na fase de treino de base o momento mais crítico.
Para a sua prevenção propõe-se:
Despiste precoce de eventuais contraindicações para a prática da natação de competição através de exame médico-desportivo.
Realização de treino fora de água, assumindo particular importancia a solicitação dos grupos musculares cervico-dorso-lombares e da parede abdominal.
Pesquisa de assimetrias do membro inferior e de alterações das curvaturas fisiológicas da coluna.

Utilização de técnicas de nado que não favorecam o aparecimento ou agravamento destas situações, nomeadamente:
  1. Correta posição do corpo na água
  2. Nos percursos realizados na técnica de crawl a adoção da respiração bilateral pode apresentar vantagens.
  3. Redução da densidade da carga de treino, fundamentalmente na técnica de borboleta, quando as queixas são de lombalgia

Lesões cutâneas
A permanência no meio aquático predispõe à ocorrência de alterações dermatológicas. 

As mais vulgares são

  1.  as dermites (traumáticas e de contato)
  2.  e as infecções a fungos genericamente designadas micoses.
Dermites
As designações eczema e dermite são, em âmbiente médico, muitas vezes utilizadas como sinónimos. 

Por dermite entende-se uma situação genérica e inespecífica de inflamação cutânea. 
Também aqui se aplicam os sinais cardinais da inflamação:

  •  aumento do volume local por edema e infiltração celular(tumor); 
  • vasodilatação com eritema (rubor),
  •  acompanhado de aumento da temperatura local (calor);
  •  e sensação dolorosa que se manifesta por prurido (dor).
A dermite de contato refere-se a uma hipersensibilidade cutânea do tipo retardado. 
Para a identificação do alergeno é importante conhecer a ou as piscinas onde o nadador normalmente treina e investigar os produtos de desinfecção da água, bem como aqueles que utiliza na sua higiene. 
Lembramos que os nadadores realizam duas sessões de treino por dia e, é vulgar variarem o tipo de shampoo e sabão que utilizam nos duches após o treino.
A dermite traumática é uma inflamação cutânea causada por agentes físicos ou químicos.
 O mecanismo causal é uma agressão direta sobre a pele que no caso da natação é pouco acentuada e exerce-se por efeito cumulativo, provocando diminuição progressiva da sua resistência.
A diferenciação entre dermite traumática e de contato é difícil, particularmente quando não se manifestam de forma aguda. 
A relativa impossibilidade de diferenciação destes duas entidades, inclusivé numa base clínica, não apresenta grandes incovientementes uma vez que a terapêutica não difere significativamente.
 A dermite traumática cura expontaneamente quando se elimina o estímulo desencadeante.
 A identificação do alergeno também é imprescindível para a resolução da dermite de contato.

 O tratamento local e geral é idêntico para ambos os casos: 
  • corticoterapia geral + terapeutica tópica com solutos anti-inflamatórios na fase aguda e cremes/pomadas com corticóides nas fases sub-agudas e crónicas.
Micoses
São afecções cutâneas que se caracterizam pela natureza fungica dos respectivos agentes causais. 

É fundamental a realização de um diagnóstico correcto e específico. 
O simples reconhecimento de uma micose não é suficiente para a instituição de uma terapêutica correta. A utilização indiscriminada de qualquer anti-fungico para uma qualquer micose compromete a eficácia da terapêutica.
De localização predominante nos pés. As lesões são geralmente crónicas, com uma evolução cíclica. Caracterizam-se por prurido intenso de predomínio nocturno, principalmente na fase de vesiculação. Evoluem para descamação, maceração e fissuração inter-digitais, constituindo estes, não raras vezes, os únicos sintomas. Por vezes, o quadro clínico complica-se pela participação de agentes piogénicos, podendo levar ao aparecimento de linfangite. É habitual a existência de onicomicoses em uma ou mais unhas (reservatório).
Prevenção
A prevenção destas situações baseia-se numa educação sanitária e inicia-se após o treino com as seguintes medidas:
Duche com agua corrente
Utilização de shampoos e sabonetes hipoalergénicos com pH neutro.
Boa secagem da pele com especial atenção para os espaços interdigitais dos pés, podendo utilizar-se pós-antifungicos antes de calçar as meias.
Aplicação de cremes hidratantes em toda a superfície corporal.
Alterações Otorrinolaringológicas
Os longos períodos de permanência na água associados à qualidade duvidosa da água de algumas piscinas, predispõem os nadadores a algumas alterações do foro otorrinolaringológico.
Abordaremos de forma sucinta as patologias mais frequentes:

  • Otite externa
Os fatores pré-disponentes são os seguintes:

  • remoção do cerumen "normal" pela permanência prolongada na água presença de exostoses superiores. Não podemos no entanto dissociar este aspecto do tratamento da patologia subjacente.
Alterações oculares
Resultam da acção dos produtos de desinfecção da água, particularmente o cloro, sobre a conjuntiva ocular. São situações que apresentam a sintomatologia de olhos vermelhos (injecção ou hiperémia do tecido conjuntival) Acompanham-se de significativo desconforto, cedendo fácilmente após a aplicação de colírios descongestionantes. 

Constitui uma situação rara em natação de competição pois que a utilização de óculos de proteção (swimming goggles) é uma constante, não só em treino como em competição. 
Para nadadores que passam 3 a 4 horas por dia dentro de água, a sua utilização é o mais eficaz e único meio preventivo. 
Clinicamente, na presença de uma inflamação ocular não podemos deixar de realizar o diagnóstico diferencial entre as suas possíveis causas.

Conclusão
Para o estabelecimento de uma estratégia preventiva é normal considerarem-se três níveis de intervenção:
A prevenção primária, coloca a tónica nos aspectos comportamentais. 

Em natação de competição assume particular importância uma correcta processologia de treino, a utilização de dispositivos de protecção e uma adequada educação sanitária.

A prevenção secundária recai nos aspectos organizacionais: 

legislação/regulamentação. 
O observância das normas de segurança sanitária em piscinas, como sejam o bom estado da água, áreas circundantes e balneários, não podem ser ignoradas.
 Os exames de aptidão médico-desportiva são, normalmente, incluídos no âmbito da prevenção secundária.
O nível terciário prende-se com a prevenção de disfunções decorrentes das lesões.
Como é óbvio, deveremos objetivar a actuação ao nível das prevenções primária e secundária.

* Publicado no BRAÇADA NOV/99 da autoria de J. H . Gomes Pereira
Fonte: O Mundo da Natação
Autor: J. H. Gomes Pereira

domingo, 16 de março de 2014

Natação encerra os Jogos Sul-Americanos 2014 com 37 medalhas


Os nadadores do Brasil encerraram, 10/03/2014, a participação nos Jogos Sul-Americanos do Chile, que segue até o dia 18 deste mês com provas em diversas outras modalidades.  
No total, os atletas conquistaram, na piscina, 37 pódios, sendo que 18 foram de ouro, 6 de prata e 13 de bronze.
o saldo danatação brasileira foi de seis medalhasde ouro, 3 de prata e 2 de bronze. 
Além dos pódios, o time nacional sai do Chile com um patrimônio igualmente rico: uma nova geração pronta para enfrentar os grandes desafios que se apresentarão no caminho que resta até os Jogos Olímpicos Rio 2016.
Matheus Santana, de 17 anos, vai deixando de ser uma promessa para se consolidar entre os melhores velocistas brasileiros.
 Ele venceu os 100m livre, com 49s13, um bom tempo para o período de treinos.  
Em Santiago, ele fechou o 4 x 100m medley que também ganhou medalha de ouro, com 49s09. 
Matheus vem de um período conturbado em que lutou contra um grande adversário: o diabetes.
Também velozes foram Graciele Herrmann (25s26) e Alessandra Marchioro (25s43), ouro e prata nos 50m livre, vencendo a recordista sul-americana da prova, a venezuelana Arlene Semeco (26s19), que ficou com o terceiro posto.
Henrique Barbosa e Tale Cerdeira também fizeram ouro e prata nos 200m peito. 
Henrique marcou 2m15s42 e Tales, 2m16s58.
"Esta prova é um pouco lenta e conta a experiência porque é preciso saber dosar para não 'morrer' no final. A gente está no meio do treinamento então está bem legal e eu gostei bastante. A natação é feita de etapas e está todo mundo focando no Troféu Maria Lenk, que é seletiva para o Pan-Pacífico, e depois, conseguindo a vaga, a meta é chegar lá em condições de brigar pormedalhas também" disse Henrique.
Assim como Henrique e Tales, Thiago Pereira está entre os mais experientes do grupo e não por acaso tem um papel de liderança na equipe.
 No último dia de provas em Santiago, ele venceu os 400m medley, a prova que lhe deu a prata olímpica, com 4m23s15. Um tempo ainda lento para os seus 4m08s86, mas que marca um retorno aos treinos mais pesados. No degrau de bronze estava o “xará” Thiago Simon (4m27s87).
Os revezamentos 4 x 100m medley feminino e 4 x 100m livre masculino fecharam a noite com vitórias para as equipes brasileiras. Etiene Medeiros (1m0414), Beatriz Travalon (1m12s77), Daynara de Paula (59s92) e Larissa Oliveira (54s66) marcaram 4m11s49. O time de Nicolas Nilo Oliveira (50s17),  Matheus Santana (48s99), Fernando Ernesto Santos (50s12) e  Fernando Silva (50s16) somou 3m19s44.
Com os resultados desta segunda-feira, o Brasil segue na liderança no quadro de medalhas nos Jogos Sul-Americanos, com 79 medalhas, das quais 36 são de ouro, 18 de prata e 25 de bronze.
 Em segundo vem a Venezuela, com 54 pódios (19 ouros, 12 pratas e 23 bronzes), seguida pela Argentina, com 58 medalhas (17 ouros, 23 pratas e 18 bronzes). 
O anfitrião Chile aparece na quinta posição, com 53 medalhas (11 ouros, 21 pratas e 21 bronzes).
Confira como ficou o quadro de medalhas desta segunda-feira (10) nos Jogos Sul-Americanos:
Quadro de medalhas - Jogos Sul-Americanos