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quarta-feira, 4 de maio de 2016

POLIMENTO NA NATAÇÃO

O que é o polimento na natação?


A natação brasileira teve que fazer uma escolha para o ano de 2015. 

Os atletas teriam que optar por uma preparação para o Pan ou para o Mundial de Kazan . 

No esporte de alto rendimento, é muito difícil um nadador conseguir estar no auge para duas competições com datas tão próximas.

O que impede que um atleta atinja esse nível em dois momentos distintos é o polimento. 
Os nadadores fazem treinos pesados durante meses, ficam com os músculos cansados e sentem dores.
Neste período, não conseguem as melhores marcas, mas focam em fazer a preparação adequada para um grande evento.
Quando o torneio vai se aproximando, os treinos ficam mais leves, mas o auge chega, já que estão com a força necessária, sem dores e prontos para competir. 
Portanto, o polimento, geralmente, é feito para apenas uma competição.


 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E A METODOLOGIA UTILIZADA POR TREINADORES 

 O polimento de uma forma geral é motivo de muitos questionamentos entre estudiosos, treinadores e atletas. 

Questões:

  1.  a sua duração
  2.  a dimensão da redução do estímulo de treino 
  3.  os mecanismos regulatórios dos prováveis efeitos psicofisiológicos que determinam uma melhoria no rendimento do atleta.

 Este fato explica a grande variabilidade de estratégias utilizadas na sua aplicação. 

Ao analisar treinadores e a metodologia aplicada na etapa de polimento e confrontá-la com o referencial teórico, notamos que as referências dos trabalhos são similares.

Os  mesmos  já tiveram experiência com atletas das categorias de nível nacional e internacional. 


Redução das cargas de treinamento

Quanto à redução das cargas de treinamento,   promovem reduções menores de metragem na preparação de fundistas, argumentando a necessidade de esses nadadores manterem volumes maiores de treinamento até as vésperas da competição principal, sendo que esta peculiaridade não é apontada pela literatura.

Esta coerência teórica quanto à metodologia provavelmente explica o fato de esses treinadores possuírem importantes resultados no cenário da natação nacional e internacional.

 Nos últimos anos, o desempenho esportivo vem progredindo significativamente e os resultados estão cada vez mais surpreendentes.

Esse desenvolvimento se deve em boa parte à evolução da ciência do esporte e todas as áreas nela inseridas: 

  1. parâmetros fisiológicos
  2.  técnicos
  3.  táticos
  4.  psicológicos
  5.  nutricionais
  6.  evolução tecnológica, entre outros. 


Uma das áreas do conhecimento que também vem contribuindo para a elevação técnica esportiva é a ciência da periodização do treinamento de atletas. 

Merece destaque em termos de sua evolução científica enquanto componente integrante do treinamento desportivo, pois vem possibilitando que os atletas atinjam picos de desempenho em períodos pré-determinados da temporada, de forma mais apurada. 

Um programa de treinamento periodizado consiste em diversas fases que visam alcançar metas distintas, aprimorando a capacidade atlética de acordo com uma ordem metodológica de desenvolvimento das valências físicas. 

A fase final de preparação, precedente à competição principal, denominada polimento, é crucial para este máximo desempenho competitivo. 
Mujika e Padilla (2000) definem o polimento como uma progressiva redução não-linear da carga de treino, objetivando diminuir o stress psicofisiológico do treinamento diário e aperfeiçoar o desempenho esportivo. 

Dada sua importância, o polimento de uma forma geral, é motivo de muitos questionamentos entre estudiosos, treinadores e atletas. 

Questões referentes ao Polimento

Discute-se a sua:

  1.  a duração
  2.  a dimensão da redução do estímulo de treino  
  3. os mecanismos regulatórios dos prováveis efeitos psicofisiológicos 

Determinam uma melhora no rendimento do atleta. 

Este fato explica a grande variabilidade de estratégias utilizadas na sua aplicação. 

Parece não haver um consenso entre cientistas e treinadores, a respeito da melhor estratégia para polir. 

Apesar das controvérsias, existem na literatura inúmeras evidências de que a realização do período de polimento, às vésperas das principais competições da temporada, reflete em ganhos significativos de desempenho na natação .


 Tais ganhos estão relacionados à melhora de diversos parâmetros psicofisiologicos: 

*aumentos de força e potência muscular (CAVANAUGH e MUSCH, 1989; COSTILL et al., 1985; HOOPER et al., 1998; JOHNS et al., 1992; RAGLIN et al., 1996; TRAPPE et al., 2001)

* aumento da capacidade anaeróbica (MAGLISCHO, 1999), 

*melhora das variáveis neuromusculares (RAGLIN et al., 1996)

*melhora do perfil hematológico (MUJIKA et al., 1997), 

*melhora do perfil hormonal (BONIFAZI et al., 2000; COSTILL et al., 1991; MUJIKA et al., 1996b) 

 *melhora do estado psicológico (HOOPER et al., 1998; RAGLIN et al., 1996). 

Dentre estes fatores, Maglischo (1999) considera a melhora da potência muscular e da capacidade anaeróbica como as principais valências que influenciam a diminuição dos tempos na natação.

 Ainda que na literatura exista algum respaldo teórico para os bons desempenhos posteriores ao período de polimento, muitas das estratégias dos treinadores durante esta fase estão fundamentadas também em intuição e experiência prática.

 Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi identificar a metodologia aplicada pelos treinadores de natação na etapa de polimento e confrontá-la com o referencial teórico existente.


A velocidade de nado tende a melhorar após o polimento principalmente em função dos ganhos de força e potência muscular (CAVANAUGH e MUSCH, 1989; COSTILL et al., 1985; HOOPER et al., 1998; JOHNS et al., 1992; MAGLISCHO, 1999, RAGLIN et al., 1996; TRAPPE et al., 2001).

Há  diferentes fatores de influência nas melhorias de desempenho observada após o polimento (MAGLISCHO, 1999; RAGLIN et al., 1996; HOOPER et al., 1998; RAGLIN et al., 1996; BONIFAZI et al., 2000; COSTILL et al., 1991; MUJIKA et al., 1996a; MUJIKA et al., 1997).

 Pesquisas confirmam que realmente as melhoras de desempenho após períodos de carga reduzida de treinamento ou após o polimento, em atletas de modalidades cíclicas, não são uma regra geral (HOOPER et al. 1993; HOOPER et al. 1998; SHEPLEY et al. 1992; WITTING et al. 1989;), 

Melhoria da mecânica de nado, não foram encontrados na literatura estudos que comprovam essa tese, embora Raglin et al. (1996) demonstraram que possivelmente exista uma relação de causa e consequência entre a melhora da excitabilidade dos motoneurônios e a melhora da potência anaeróbica de nado, já que ambos contribuíram para a evolução dos desempenhos após o polimento. 

Como os mecanismos por detrás destes processos de adaptação ainda não estão desvendados, sugerimos que a maior excitabilidade dos motoneurônios possa de alguma forma, interferir positivamente na qualidade da mecânica dos movimentos do nado. 
Por outro lado, Hooper et al. (1998) não encontraram alterações significativas entre os tempos de prova pré e pós período de polimento em nenhum dos grupos analisados, apesar de terem ocorrido melhoras no pico de força da braçada em natação amarrada.
 Assim, já que o aumento do pico de força da braçada em nado estacionário não foi acompanhada de melhoras no tempo entre as competições, supõe-se que a mecânica de nado tenha piorado, contrariando as evidências da literatura que apontam uma relação positiva entre o pico de torque e a velocidade de nado nas provas (PICHON et al., 1995). 

 Adaptações Psicológicas 
Os treinadores  mencionaram adaptações psicológicas dos atletas durante ou após o período de polimento. 
Relataram evoluções na motivação dos atletas como resultado de seus bons desempenhos nos treinos. 
Apesar do caráter empírico destas observações, eles parecem estar coerentes com a literatura que aponta menores distúrbios de humor entre os atletas bem sucedidos comparados com outros menos preparados nesta fase de treinamento (GUTTMAN et al., 1984; MORGAN et al., 1987; PRAPAVESSIS et al., 1992)
Este fato demonstra a importância de se aplicar metodologias de duração e carga de treino ótimas para se conquistar adaptações psicológicas positivas dos nadadores seguidas ao polimento, assim como apontado em alguns estudos (HOOPER et al., 1998; HOOPER et al., 1995; COGAN et al., 1991; RAGLIN et al., 1991)

Estratégias metodológicas 
Partindo do conceito de polimento  na literatura as estratégias metodológicas discutidas pelos autores para promover a citada redução não-linear da carga de treino (MUJIKA e PADILLA, 2000) e confrontá-las com aquelas utilizadas pelos treinadores entrevistados na prática da preparação de seus atletas. 



Pontos Relevantes: 

  1. tempo destinado ao polimento no macrociclo; 
  2. redução das cargas de treino durante este período; 
  3. diferenças entre o polimento de nadadores velocistas e fundistas; 
  4. diferenças entre o polimento de homens e mulheres. 

Quanto ao tempo de polimento, foi encontrada uma concordância entre os autores que fundamentaram este estudo (COSTILL et al., 1985; COSTILL et al., 1991; D’ACQUISTO et al., 1992; HOOPER et al., 1998; JOHNS et al., 1992; MUJIKA et al., 1995; MUJIKA et al., 1996a; MUJIKA et al., 1996b; TRAPPE et al., 2000).

Todos os protocolos utilizados nestes estudos apresentavam um período entre duas a três semanas com redução progressiva de cargas. 
A informação  do tempo de duração destinada ao polimento dentro do macrociclo houve a  afirmação  que um tempo excessivo de polimento pode levar o atleta ao destreinamento. 


Redução das cargas de treinamento

Mujika et al. (2000) estudaram a magnitude das adaptações ocorridas durante as três semanas finais às Olimpíadas de Sydney 2000. 
Os  treinadores afirmaram promover reduções menores de metragem na preparação de fundistas. 
Eles argumentaram sobre a necessidade desses nadadores manterem volumes maiores de treinamento até as vésperas da competição principal. 
 Redução de cargas de atleta fundista durante o polimento proposta por um dos treinadores entrevistados neste estudo. 

 Quanto à diferença entre o polimento de homens e mulheres, Maglischo (1999) argumenta que os homens necessitam de um período mais demorado de redução de cargas, devido a um nível mais elevado de creatina fosfofrutoquinase (CPK). 
Segundo este autor, níveis elevados de CPK sugerem que o treinamento causa maior lesão muscular nos homens, em comparação com o que ocorre nas mulheres. 

A metodologia de treinamento foi o ponto discutido neste estudo que os treinadores e referencial teórico estiveram mais afinados. 

Nas variáveis: 
tempo de polimento e redução de cargas, por exemplo, os treinadores apresentaram metodologias bastante coerentes com a apresentada na literatura. 



REFERÊNCIAS 
BONIFAZI, M.; SARDELLA, F.; LUPPO, C. Preparatory versus main competitions: differences in performances, lactate responses and pre-competition plasma cortisol concentrations in elite male swimmers. Eur J Appl Physiol 2000; 82: 368–373. CAVANAUGH, D. J.; MUSCH, K .I. Arm and leg power of elite swimmers increase after taper as measured by biokinetic variable resistance machines. J Swimming Research 1989; 5: 7–10. COGAN, K. D.; HIGHLEN, P. S.; PETRIE, T. A.; SHERMAN, W. M.; SIMONSEN, J. Psychological and physiological effects of controlled intensive training and diet on collegiate rowers. Int J Sports Psych 1991; 22: 165-180. COSTILL, D. L.; KING, D. S.; THOMAS, R.; HARGREAVES, M. Effects of reduced training on muscular power in swimmers. Physician Sportsmed 1985; 13: 94-101. COSTILL, D. L.; THOMAS, R.; ROBERGS, R. A.; PASCOE, D.; LAMBERT, C.; BARR, S.; FINK, W. J. Adaptations to swimming training: influence of training volume. Med Sci Sports Exerc 1991; 23: 371–377. D’ACQUISTO, L. J.; BONE, M.; TAKAHASHI, S.; LANGHANS, G.; BARDUKAS, A. P.; TROUP, J. P.Changes in aerobic power and swimming economy as a result of reduced training volume.In: Swimming Science VI. Lond on: E & FN Spon, 1992: 201–205. GIL, A.C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GUTTMAN, M. C.; POLLOCK, M. L.; FOSTER, C.; SCHIMIDT, D. Training stress in Olympic speed skaters: A psychological perspective. Physician Sportsmed 1984; 12: 45-57. HOOPER, S. L.; MACKINNON, L. T.; GINN, E. M. Effects of three tapering techniques on the performance, forces and psychometric measures of competitive swimmers. Eur J Appl Physiol 1998; 78: 258–263. HOOPER, S. L.; MACKINNON, L. T.; GORDON, R. D.; BACHMANN, A. W. Hormonal responses of elite swimmers to overtraining. Med Sci Sports Exerc 1993 25: 741-747. HOOPER, S. L.; MACKINNON, L. T.; HOWARD, A.; GORDON, R. D. BACHMANN, A. W. Markers for monitoring overtraining and recovery. Med Sci Sports Exerc 1995; 27:106-112. JOHNS, R. A.; HOUMARD, J. A.; KOBE, R. W.; HORTOBXGYI, T,; BRUNO, N. J.; WELLS, J. M.; SHINEBARGER, M. H. Effects of taper on swim power, stroke distance and performance. Med Sci Sports Exerc 1992; 24: 1141–1146. MAGLISCHO, E. W. Nadando ainda mais rápido. 2ª ed. São Paulo: Manole, 1999. MORGAN, W. P.; BROWN, D. R.; RAGLIN, J. S.; O'CONNOR, P. J.; ELLICKSON, K. A. Psychological monitoring of overtraining and taleness. Br J Sports Med 1987; 21: 107-114. MUJIKA, I.; CHATARD, J. C.; BUSSO, T.; GEYSSANT, A.; BARALE, F.; LACOSTE, L. Effects of training on performance in competitive swimming. Can J Appl Physiol 1995; 20: 395–406. MUJIKA, I.; CHATARD, J. C.; GEYSSANT, A. Effects of training and taper on blood leucocyte populations in competitive swimmers: relationships with cortisol and performance. Int J Sports Med 1996a; 17: 213– 217. Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.9, n.4, 2010 - ISSN: 1981-4313 210 MUJIKA, I.; CHATARD, J. C.; PADILLA, S.; GUEZENNEC, C. Y.; GEYSSANT, A. Hormonal responses to training and its tapering off in competitive swimmers: relationships with performance. Eur J Appl Physiol 1996b; 74: 361–366. MUJIKA, I.; PADILLA, S. Detraining: Loss of Training-Induced Physiological and Performance Adaptations. Sports Med 2000 Aug; 30 (2). MUJIKA, I.; PADILLA, S.; GEYSSANT, A.; CHATARD, J.C. Hematological responses to training and taper in competitive swimmers: relationships with performance. Arch Physiol Biochem 1997; 105: 379–385. PICHON, F.; CHATARD, J. C.; MARTIN, A.; COMETTI, G. Electrical stimulation and swimming performance. Med Sci Sports Exerc 1995; 27: 1671-1676. PRAPAVESSIS, H.; BERGER, B.; GROVE, J. R. The relationship of training and pre-competitive mood states to swimming performance: an exploratory investigation. Aust J Sci Med Sport 1992; 24: 12-17. RAGLIN, J.S.; KOCEJA, D.M.; STAGER, J.M. HARMS, C.A. Mood, neuromuscular function, and performance during training in female swimmers. Med Sci Sports Exerc 1996; 28: 372–377. RAGLIN, J. S.; MORGAN, W. P.; O'CONNOR, P. J. Changes in mood states during training in female and male college swimmers. Int J Sports Med 1991; 12: 585-589. SHEPLEY, B.; MACDOUGALL, J. D.; CIPRIANO, N.; SUTTON, J. R.; TAMOPOLSKY, M. A.; COATES, G. Physiological effects of tapering in highly trained athletes. J Appl Physiol 1992; 72:706 – 711. TAYLOR, S. R.; ROGERS, G. G.; DRIVER, H. S. Effects of training volume on sleep, psychological, and selected physiological profiles of elite female swimmers. Med Sci Sports Exerc 1997; 29: 688 – 693. TRAPPE, S.; COSTILL, D.; THOMAS, R. Effect of swim taper on whole muscle and single fiber contractile properties. Med Sci Sports Exerc 2001; 32: 48–56. WITTING, A. F.; HOUMARD, J. A.; COSTILL, D. L. Psychological effects during reduced training in distance runners. Int J Sports Med 1989; 10: 97-100. 

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